Órteses

Conceito

Órteses são dispositivos médicos utilizados externamente ao corpo cujas funções principais são: estabilidade e posicionamento articular, auxílio na função, analgesia, imobilização e coadjuvante na correção de deformidades. A sua utilização é antiga, foram descritas órteses rudimentares desde o tempo do Egito Antigo.

Na literatura médica, vários termos têm sido utilizados para a indicação de órteses: talas, aparelhos, tutores, goteiras, etc, mas nem sempre são sinônimos. Algumas foram popularizadas pelo nome do seu criador, a cidade onde foi desenvolvida, sigla das articulações envolvidas, materiais utilizados na produção, etc.

Materiais

A órtese ideal deve ser leve, resistente, durável e de baixo custo. Assim, a maioria das órteses em uso é confeccionada em plástico termomoldável, duralumínio, fibra de carbono, espuma de alta densidade e velcro.

As órteses pré-fabricadas são confeccionadas em série pela indústria. Já as mais elaboradas são confeccionadas pelo técnico sob medida, utilizando molde métrico, em gesso ou scanner.

 

Prescrição

Recomenda-se especificar o local anatômico, os materiais para a confecção, o posicionamento articular desejado e função.  Após a confecção, o médico deverá avaliar as condições da órtese e orientar o uso adequado.

Órteses para membros inferiores

Fazem parte deste grupo desde órteses complexas para ficar em pé e treino de marcha até palmilhas. A seguir, mostraremos algumas órteses indicadas para pacientes portadores de necessidades especiais, como mielomeningocele, paralisia cerebral, doenças neuromusculares, más-formações congênitas, etc.

Parapodium. Tem a função de ortostatismo (ficar em pé) para crianças que não possuem equilíbrio dos membros inferiores, na fase pré-treino de marcha. Confeccionado em tubo de alumínio ou madeira, pode ter uma mesa acoplada para auxiliar atividades como alimentação e brincar com as mãos. Mantém as articulações dos joelhos e pés alinhados e estimula a criança a desenvolver o equilíbrio do tronco.  


Órtese longa com cinto pélvico. Para pacientes que não possuem estabilidade dos quadris, joelhos e pés. Confeccionadas em duralumínio, plástico, espuma e velcro. Permite o ortostatismo e o treino de marcha.

Órtese de reciprocação (RGO). Semelhante à anterior, mais elaborada. Possui um mecanismo de reciprocação acoplado ao cinto. À medida que o paciente faz a flexão de um quadril o mecanismo realiza a extensão do outro quadril. A marcha reciprocada (troca de passos) produz menor gasto energético e é mais funcional.

Órtese longa com apoio isquiático. Semelhante à descrita com cinto, mas para pacientes que possuem estabilidade dos quadris e consequente melhor mobilidade.

Órteses para o joelho. Produzidas em espuma ou tecido para manutenção do joelho em extensão, como imobilização fixa para analgesia ou a prevenção de deformidades. Órteses mais sofisticadas permitem regular o posicionamento articular.

Órtese curta. Indicada para pacientes que possuem bom equilíbrio nos quadris e joelhos, mas que necessitam de estabilidade nos tornozelos e pés. É uma das órteses mais prescritas, para posicionamento dos pés e também para treino de marcha. Mais frequentemente confeccionada sob molde em gesso, com plástico moldável ao calor (polietileno ou polipropileno). Também conhecida como goteira para os pés e pela sigla em inglês AFO (ankle foot orthosis).

Órtese supramaleolar. Semelhante a uma palmilha com bordas altas, permite melhor posicionamento da parte posterior do pé em pacientes que apresentam flexão e extensão do tornozelo.

 

Palmilhas. Confeccionadas em diversos materiais, podem ser utilizadas para alívio da dor, melhor posicionamento, compensação da discrepância de membros, ausência parcial do pé, etc. Podem ser acoplados cunhas, botões ou barras para melhor posicionamento.