Epifisiólise do quadril

A epifisiólise é uma doença que consiste na separação da epífise de um osso longo. Para se entender o fenômeno, é importante lembrar as diversas partes do osso longo. Todos os ossos longos, como fêmur, tíbia e rádio, possuem uma diáfise (porção mais longa, no centro), duas metáfises (porções intermediárias, sendo uma superior e outra inferior), duas fises (porção mais fina, na qual se localiza a cartilagem de crescimento) e duas epífises (porção articular da extremidade, sendo uma superior e outra inferior).

A epífise superior do fêmur, por exemplo, articula-se com a bacia, formando a articulação do quadril. São as fises que, pela multiplicação das células, promovem o crescimento dos ossos da criança até o fim da adolescência. A fise inferior é responsável por 85% do crescimento do fêmur e a superior, pelos restantes 15%.

 

A epifisiólise do quadril, também conhecida como escorregamento epifisário do fêmur, constitui uma doença específica. Ela se caracteriza pelo escorregamento parcial da epífise superior do restante do fêmur junto à fise. Pode manifestar-se em qualquer fase da vida da criança, mas é mais comum dos 11 aos 13 anos. Pode ocorrer simultaneamente em ambos os quadris em 40% dos pacientes. Atinge mais os meninos, mais frequente em afrodescendentes, também está relacionada com o sobrepeso. Segundo as estatísticas, ocorrem três casos em cada grupo de 100.000 adolescentes.

Ainda não se sabe o que causa a moléstia, mas há algumas teorias. A mais aceita é de que resultaria de problemas com os hormônios que favorecem o crescimento, como estrogênio, testosterona e o próprio hormônio do crescimento. Mas em geral não se consegue identificar isso por meio de exames. Doenças das glândulas tireoide, hipófise e suprarrenal, é importante destacar, podem levar à separação da epífise, mas antes ou após a faixa de 11 a 13 anos.

O primeiro sintoma é a dor de intensidade variável no quadril, ou na coxa, ou no joelho. Outros sintomas frequentes são: dificuldades ou impossibilidade para caminhar, correr e transitar em escadas.

A principal consequência da epifisiólise é o escorregamento repentino ou progressivo da cabeça do fêmur. Como a epífise se liga à capsula articular, às vezes ocorre sinovite, ou seja, inflamação da membrana sinovial. Quando o escorregamento é grande, o membro inferior pode rodar para fora, fazendo com que a posição dos pés durante a marcha se torne assimétrica. Se não houver tratamento, podem permanecer sequelas, como alteraçõs da marcha, assimetria do crescimento do fêmur o risco de desenvolver artrose precocemente.

Crianças com sintomas, devem ser levados ao ortopedista pediátrico, para uma avaliação. O diagnóstico inicial é clínico. A doença é comprovada com raios X. Em caso de dúvida, pode lançar mão de exames mais sofisticados, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Exames de sangue podem ser necessários, para detectar eventual alteração metabólica ou endócrina.

O tratamento de epifisiólise é quase sempre cirúrgico. Consiste em colocar um parafuso atravessando a metáfise, a fise e a epífise para impedir a progressão do escorregamento da cabeça do fêmur e fazer com que a placa de crescimento cicatrize no restante de osso. Desse modo, o crescimento do adolescente pode se completar. Quando o diagnóstico é feito precocemente, a chance de sucesso é enorme, pelo fato de a cirurgia ser relativamente simples. Como a doença pode ocorrer do outro lado também, o portador deve fazer avaliação na periodicidade determinada pelo médico.